quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O uso pedagógico de filmes no ensino de Ciências


Com o advento do uso da televisão na escola, muito se alardeou sobre as boas possibilidades que a TV proporcionaria ao trabalho pedagógico, facilitando-o e melhorando a aprendizagem. O surgimento da TV Escola proporcionou a oportunidade de construção de acervo com os mais variados temas que estavam agora ao alcance de todos. Para as escolas públicas seguiram kits de equipamentos para a captura, gravação e exibição dos programas que assim, podiam ser gravados em VHS na época do predomínio do vídeo-cassete e integrados ao acervo de materiais didáticos nas escolas. O tempo passou, a TV Escola hoje apresenta um acervo excepcional disponibilizado inclusive na internet mediante um cadastro dos interessados, mas, o uso desse material nas escolas como está? Quando novidade na época, como foi o seu uso? Como o professor encarou esse recurso e o que fez com ele? Boa parte das vezes os professores usaram como “sala de cinema”. Coloca-se um vídeo com uma temática interessante e muitas vezes associada a algum assunto em curso, mas, longe de planejar sua aplicação, sua intencionalidade didática para uso, encerra-se o vídeo e encerra-se a aula, quando esse vídeo é um documentário com o tempo adequado para ser visto numa aula. Sendo um filme, um longa metragem, o espaço de uma aula não permite apreciar todo o filme durante aquela aula, assim, é preciso usar outra para tal.

Como recurso de TIC, o uso de filmes no espaço de sala de aula, tem de ser pensado, pondera-se aqui que o próprio filme ao ser apreciado na íntegra não cumpre o seu papel educativo. Assim, tona-se necessário sua edição, um planejamento em que aspectos relevantes do filme sejam evidenciados em uma edição, e uma abordagem mais associada a estudo em si do que apenas ao lazer. Procedendo desta forma, o professor além de ensinar, fomenta a curiosidade dos estudantes para aquele tema apresentado. Para isso, numa edição deve ser levado em consideração elementos relevantes daquele filme, mas, mantendo o clímax ou mesmo ressalvando o final, mantendo-o incógnito, levando-os a assistirem ao filme em outro momento fora da escola, permitindo assim o interesse e uma visualização dos elementos didáticos intencionados na exibição na sala de aula, vivos e úteis.  Submeter crianças e jovens a filmes muito longos no espaço escolar, muitas vezes sem a objetividade necessária para a aprendizagem, é usar o tempo da escola de maneira inadequada. Transformar a escola no espaço de lazer que ele acha em casa, é também transformar a educação sistemática que seria o propósito escolar, em algo informal e descomprometido, passando a impressão de que se está fazendo algo diferente e que de certa forma agrada aos alunos, porém, sem os ganhos necessários para um aprofundamento da aprendizagem de modo intencional.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Aprendizagem Significativa - Conhecimento Socialmente Relevante e TIC

O propósito final no processo educativo é a melhor aprendizagem dos alunos. Essa aquisição da aprendizagem passa por uma série de fatores que influenciam e determinam muitas vezes a eficiência neste processo. Debruçar sobre esse assunto é refletir sobre possibilidades, é avaliar meios, é estar aberto a inovações, ao mesmo tempo, revisitar processos tradicionais com vistas a implementação de mudanças em função de julgamentos de eficiência.

Uma das vias comuns ao se pensar nessa melhoria da aprendizagem é o uso de TIC, porém, seu uso não representa a redenção completa do processo de fazer educação. Mas, as possibilidades que elas oferecem, oportuniza às mentes abertas e criativas, uma infinidade de meios para interferir no processo educativo com vistas a uma maior eficiência na aquisição da aprendizagem.

Quando se fala em melhor aprendizagem como finalidade do processo educativo, sabe-se que ela ocorre mais eficazmente por meio de desafios e problemas. Assim estabelecer um processo em que o desafio e o problema estejam presentes, consiste em criar situações que instigue o aluno a desenvolver interesse pela temática abordada, pelo fenômeno estudado, de modo que esse interesse se reflita na predisposição maior para aprender, pois, partindo da teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, um pré-requisito para que a aprendizagem significativa ocorra, é o interesse do indivíduo em aprender e que este conhecimento seja socialmente relevante. Vendo por esse ângulo, a aplicação de TIC na educação, pode ocorrer por duas vertentes, primeiro como meio para instigar e oportunizar ao aluno o interesse em aprender e deixá-lo preparado para a aquisição da aprendizagem significativa, segundo, como via de apresentação de uma temática por multi-meios o que amplia o leque de possibilidades de se explorar uma temática.

Ainda dentro da teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, o conhecimento novo só é estabelecido na mente do estudante, quando este tem os “subsunçores” que seriam uma espécie de “ancoradouro” onde o conhecimento em processo de aquisição possa ser ancorado. Para que o professor identifique a presença desses “subsunçores”, é necessário fazer o levantamento de conhecimento prévio que o estudante já tem sobre aquela temática que está sendo trabalhada, para só depois proceder às situações-problemas. Os questionamentos podem ser uma via de aquisição dessa informação essencial para o trabalho do professor, bem como a exploração de uma fotografia, de um recurso sonoro, de um vídeo curto, enfim, por um sem número de outras vias que TIC encontram seu lugar.  

Para Ausubel, o fator isolado que mais influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe, assim, cabe ao professor identificar isso e ensinar de acordo. Novas idéias e informações podem ser aprendidas e retidas, na medida em que os conceitos relevantes e inclusivos estejam adequadamente claros e disponíveis na estrutura do indivíduo e funcionem, dessa forma, como ponto de ancoragem às novas ideias e conceitos. Daí, a importância de se saber sobre os conhecimentos prévios dos alunos. Quando esse conhecimento prévio não existe na estrutura cognitiva dos estudantes, se procede ao que Ausubel chamou de “organizadores prévios”. Estes seriam as vias pelas quais se estabelece os “subsunçores” para a ancoragem posterior do conhecimento. Aqui, um bom meio para o estabelecimento desses organizadores prévios são os documentários a que hoje se tem acesso na Web. Desde os disponíveis no Youtube, ao acervo da TV Escola. Porém, não se pode deixar de mencionar a importância da intencionalidade didática na utilização de TIC, bem como um bom planejamento das estratégias a serem utilizadas, sem isso, certamente qualquer que seja a estratégia didática, com o uso de TIC ou não, não logrará êxito.

domingo, 7 de novembro de 2010

Trabalhos em Grupos e uso de TIC

Em tempos de comunicações velozes e produção acelerada nas Ciências e Tecnologias, quase não há mais espaço para a produção individual de conhecimento. Pensando nas habilidades e competências para a educação do século XXI, a aprendizagem baseada nos quatro pilares da educação, o aprender a ser, aprender a conviver, o aprender a fazer e a conhecer, nos remete ao trabalho em grupo, a convivência pacífica e colaborativa na construção do conhecimento. O processo de socialização construído no convívio dos diferentes aporta com o exercício da atividade colaborativa e da tolerância com os diferentes, é o aprender a ser e a conviver. Assim, na aprendizagem social, o exercício da convivência e da tolerância com as individualidades, prepara o aluno para a interação em grupo e a produção de conhecimento no meio social. A construção dessa consciência deve ser patrocinada na escola, espaço de convivência e de trabalho colaborativo. Dessa forma quanto mais se exercita o trabalho em grupo, mais próximo das atividades sociais, em todos os setores da ação humana, o aprendiz se encontra.
Ademais, uma das grandes fontes geradoras de auto-eficácia é a aprendizagem vicária, aquela que o indivíduo assimila ao observar uma ação exitosa praticada por outra pessoa. Neste sentido, o trabalho em grupo congrega indivíduos com habilidades diferenciadas, e essas diferenças podem influenciar os indivíduos mutuamente. A observação e a convivência entre os indivíduos possibilitam o aproveitamento das ações eficazes, das boas contribuições diante dos problemas, dos bons argumentos, boas hipóteses e boas conclusões. Nestas dinâmicas o papel do professor se torna fundamental, pois ele será o observador externo dos grupos, e também o “arquiteto” para armar as equipes. Por conhecer sua turma, detém o “know all” para eleger adequadamente os componentes dos grupos, procurando ser inclusivo, mesclando os menos habilidosos com os mais habilidosos, produzindo uma simetria entre os grupos para não promover estigmas acerca da capacidade diferenciada das habilidades dos grupos. No que tange à utilização de atividades envolvendo TIC, o olhar do professor nesse sentido deve focar a mescla de alunos que tenham mais familiaridade com alunos que não tenham tantas. Assim, todos participam satisfatoriamente das atividades, sem nenhuma promoção de preconceitos.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O uso criativo de TICs – Proposta de construção de Animações com finalidade didática – Parte 1

A utilização de recursos didáticos para o ensino de ciências esbarra muitas vezes na impossibilidade de encontrar material disponível dentro de uma determinada temática. Nestes casos, a produção desses recursos se mostra tarefa desafiadora e prazerosa. O intuito desta postagem é contribuir para a produção de animações que podem ser realizadas com finalidade didática, utilizando-se de softwares e sites específicos de fácil manuseio. A intenção também é compartilhar ideias dos que já usam TICs para a produção de material pedagógico.

Há muitos recursos disponíveis na internet de áudio, vídeo, imagens e textos sobre praticamente tudo. O problema é equacionar e ordenar a grande quantidade de informações acessíveis e colocá-las com propósito didático e intencionalidade pedagógica. A elaboração de um planejamento é fundamental para se traçar um roteiro com o que é necessário para a execução de um projeto midiático de uma aula de ciências, por exemplo. Para isso, o computador e software adequados são fundamentais nesta elaboração. Para seu uso em prática, aqui se propõe coisas muito simples, como uma TV e um DVD player. Muitas vezes a simples menção de uso de TIC na educação, assusta o professor que logo pensa na impossibilidade de acesso a estes meios e nem se dá conta que a escola possui muitos recursos que são subutilizados, ou que são utilizados com a mesma finalidade que um simples uso doméstico, como ocorre com a TV.

Quando se fala no planejamento de aulas com o intuito de aprimorar a prática pedagógica tendo como objetivo melhorar a aprendizagem dos alunos, dois impedimentos se antepõem ao professor nessa tarefa. O primeiro deles diz respeito à falta de tempo para tal, e o segundo faz referência à carência ou desconhecimento de instrumentos tecnológicos para esta preparação, sendo que hoje, as TICs enquanto ferramentas para educação abrem infinitas possibilidades de utilização.

Claro que a dinâmica e a velocidade da rotina dos professores, não permite mesmo o tempo necessário para a produção de material didático personalizado, segundo os objetivos dos professores. A maior parte das vezes, os docentes buscam instrumentos já prontos, portanto, sem a possibilidade de personalização, embora ela também seja possível com recursos módicos, em função da dificuldade com o tempo necessário para essa elaboração de material. Todavia, os resultados obtidos a partir de um pequeno projeto, planejado e posto em execução, são tão prazerosos que o docente tende a perseguir outros resultados de êxito e, em pouco tempo passa a realizar material pedagógico sem muito dispêndio de tempo, tornando a tarefa de planejar aulas e executá-las, algo prazeroso e desafiante, chegando a um estágio de envolver a própria turma de estudantes como autores desse material, podendo levá-los ao mister do que se espera de um estudante: pesquisa, experimentação, execução de projetos, habilitação no uso de ferramentas tecnológicas, enfim, a aquisição de aprendizagem de modo prazeroso e pragmático.

Todavia, quando se conhece ferramentas que podem ser usadas para preparação de material, a otimização do tempo vem como consequência neste intento, possibilitando a pesquisa e a viabilização de pequenos projetos que podem auxiliar imensamente o trabalho do professor.

Abaixo é apresentado um pequeno exemplo de animação montada usando-se técnicas e softwares simples e acessíveis, mesmo sem o conhecimento de desenho ou animação. A animação foi construída para utilização em formação de professores com o intuito de se discutir metodologias. Porém, o foco aqui agora não é o conteúdo e sim, a forma.


Na mesma linha de animação, a que está abaixo mostra uma caricatura da aula tradicional. Também aqui, o sketch foi utilizado para trabalhar formações de professores.

sábado, 21 de agosto de 2010

Uso criativo das TIC no ensino de ciências


Com o título de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) se entende as tecnologias e os métodos que se prestam na comunicação. Compreendem os computadores e seus acessórios, os celulares, as TV e suas diversas formas de difusão, a internet e seus recursos, os elementos associados à captação digital de imagens e sons e tudo que se relaciona a acesso remoto como recursos Wi-Fi, bluetooth e outros meios wireless. Assim, se define um leque muito amplo de meios e técnicas que estão à disposição da sociedade para os mais diversos usos na difusão da informação e facilitação das comunicações. Como tal, o potencial para servir à educação é igualmente amplo, encontrando na criatividade humana possibilidades ilimitadas.

Entendendo por esta vertente, o que mais chama a atenção no seu uso potencial, são as vias pelas quais estes meios podem ser adaptados, associados, reinventados, como recursos pedagógicos, mediadores entre o conhecimento e os aprendizes tendo o docente como peça fundamental nesta mediação. O grande desafio, não é o uso ordinário desses meios, ou seja, o uso para o qual foi pensado, mas sim, o uso com intencionalidades pedagógicas aplicadas à educação e somente o profissional preparado para tal, poderá ser autor de um uso diferenciado dessas vias. O que muito se observa ainda, por exemplo, é a TV e o DVD serem usados como lazer na educação, um recurso que alguns docentes utilizam para entreter a turma enquanto se ocupa de outros afazeres. Portanto, estes recursos estão com o mesmo papel a que se prestam no uso doméstico corriqueiro.

O planejamento de ações pedagógicas, pensando-se no uso das TIC, pressupõe criatividade, estudo, pesquisa, compartilhamento de ideias para a melhor utilização, enfim, uma utilização na educação voltada para melhorar o processo de aprendizagem, com intencionalidades sistematizadas, pensadas e ponderadas tendo em vista o ganho em qualidade educacional. Pensando dessa forma, todos podem imaginar projetos de utilização de TIC que fujam do padrão usual.

Tomando-se um recorte educacional na área de ciências, objetivo deste blog, este espaço também se destina ao compartilhamento de ideias de uso inovador, criativo de TIC na ação pedagógica. Assim, o desafio está posto. Contribua, opine, sugira e compartilhe suas ideias e projetos, coloque aqui suas postagens.




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domingo, 15 de agosto de 2010

Para discutir o erro em ciências

Quando se discute Ciências, o que parece óbvio ou lugar comum, nem sempre encerra um fundo de certeza ou de verdade. A transitoriedade das verdades nas ciências nos faz “bobos da corte”, meros espectadores de erros, cegos guiando outros cegos para o abismo como na pintura de Pieter Brugel “A Parábola dos Cegos”. Ao mesmo tempo, podemos refletir sobre o espírito da busca da experiência sensível, da investigação, a procura incessante pelo aperfeiçoamento, porém, sem perder de vista o princípio da incerteza de Heisenberg. 

A título de sugestão, esse pequeno clip da música "Bobo da Corte" do Alceu Valença, pode ser usado como uma parte introdutória para se discutir o erro em ciências, ou mesmo, a transitoriedade das verdades em ciências. A discussão das grandes teorias que foram substituídas no passado em função das mudanças dos paradigmas ou em função da evolução tecnológica, pode contar com esse clip como sensibilização. Aproveitando a capacidade criativa de cada um para tecer considerações sobre o que pensa da música, pode também oferecer indicadores para o encaminhamento de discussões.  

Este clip pode ser baixado em:

Ensinando ciências com TIC

Na visão do teórico Marc Prensky, podemos agrupar os indivíduos atualmente em nativos digitais e imigrantes digitais. Pensando nessa concepção mais particularmente aplicada à educação, estamos testemunhando o encontro de duas gerações nesse processo de fazer educação. Os que já nasceram com acesso às Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), e que, portanto, falam a linguagem digital de maneira natural e espontânea e os que nasceram num mundo ainda analógico e que têm pouca ou nenhuma familiaridade com o universo digital. Nestes últimos, podem ser encontrados os que fazem esforços para incorporar esse instrumental das TIC no seu dia-a-dia de trabalho ou de lazer, porém, ainda com o forte “sotaque” analógico, da aprendizagem passo-a-passo, o que tenta utilizar ferramentas digitais para transpor sua forma analógica de atuação, sem incorporar as reais possibilidades inovadora de seu uso.

Assim, quando se fala em educação, a situação torna-se mais delicada. Atualmente, os jovens nativos digitais encontram-se com professores, no melhor das possibilidades, imigrantes digitais, com todas as dificuldades que um imigrante em qualquer circunstância se encontra para lidar com nativos. Por mais que se tente incorporar a nova linguagem, há sempre os elementos essenciais da cultura nativa funcionando como intervenientes no processo. O que fazer então diante disso?

E quando a área de atuação é o ensino de Ciências e Tecnologias, como ocorre esse embate? O mundo contemporâneo está eivado de recursos tecnológicos que estão sendo incorporados pela sociedade no seu uso diário. Um dos imperativos da educação em ciências é funcionar como um elo importante entre o que a ciência produz e sua utilização pela sociedade. Uma educação científica, que situe esses recursos para seus aprendizes sem utilizar os próprios recursos que apresenta à sociedade, no mínimo está incorrendo em incoerências.

O que se pretende aqui nesse blog é discutir e apresentar elementos de formação continuada para profissionais de educação no ensino de ciências que contribua para a utilização de TIC na sua prática pedagógica.
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